MORTE DO ESPIRITO

Aqui estou eu, com a cabeça a latejar de dor, seca de inspiração, mas com a permanente necessidade de escrever algo. Estou a lutar contra mim mesma, com os meus sentimentos revoltos a entrechocarem-se dentro da cabeça que sinto oca. Vazio. O Vazio que tanto me assusta instalou-se confortavelmente em mim. Por mais que me debata ele não me oferece tréguas possíveis, nem sequer qualquer hipótese de diálogo. Estou a desesperar, a definhar a minha mente e o meu corpo. Sinto a dor do cansaço de lutar contra ele tentando encher o meu espírito de ideias, de pensamentos, de cores, de palavras. As palavras… precisamente onde o Vazio fez as suas maiores conquistas e as minhas maiores derrotas. Matou-as, degolou-as, perseguiu-as. O meu exército foi derrotado por uma mão invisível e silenciosa que passou a fio de lâmina os mensageiros do meu Ser. Retiro-me para reflectir, organizar os meus generais, convocar a Inspiração. Tenho de me preparar para a batalha, para lutar contra o Vazio tirânico que me agrilhoa os sentidos e me mata as palavras. Mas vou lutar, não irei ficar confinada à prisão da superficialidade dos sentimentos, esperando a morte do espírito.

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